A iniciativa da Comissão Especial de Estudos (CEE) da Câmara Municipal de Campinas para reverter a proibição de rodeios tem gerado tensões entre os vereadores da cidade. Sob a liderança do defensor dos rodeios Arnaldo Salvetti (MDB) e com a redação de Otto Alejandro (PL), a CEE apresentou um relatório recomendando a criação de um projeto de lei que permita a volta dos eventos. A proibição está em vigor desde 2003, e para sua revogação, seria necessário derrubar tanto a legislação municipal de 2003 quanto o Estatuto Municipal de Proteção dos Animais, que foi promulgado em 2017. Apesar de ainda não existir um projeto de lei oficialmente em tramitação, o tema já provocou divisões entre os vereadores, inclusive entre aqueles que fazem parte da base do governo.
O recém-eleito vereador Hebert Ganem, do partido Podemos, que tomará posse em 2025, manifestou-se contra a ideia em um vídeo divulgado ao lado de seu colega Luiz Cirilo, um parlamentar experiente do mesmo partido. Em sua fala, Ganem destacou: “Não podemos aceitar esse retrocesso! Rodeio é sofrimento disfarçado de tradição, e nossa cidade merece eventos que promovam respeito e empatia”. Cirilo, que integrou a Comissão de Estudos, também se posicionou de forma contrária ao relatório, reafirmando a resistência à proposta de liberação dos rodeios em Campinas.
A posição de Ganem provocou a reação de Arnaldo Salvetti, que convocou os simpatizantes dos rodeios para apoiar a proposta. Salvetti, que vê as festas sertanejas como um meio de promover o desenvolvimento econômico e gerar empregos, rejeita as acusações de maus-tratos aos animais e criticou a postura de Ganem: “Na cidade dele, Indaiatuba, tem rodeio. Por que ele não proíbe rodeio lá em Indaiatuba? Agora ele vem ser vereador aqui e quer mandar na nossa cidade? Sendo que a região inteira tem rodeio. Desculpe, vereador, o senhor está equivocado”, afirmou Salvetti em um vídeo, referindo-se ao fato de Ganem ser natural de Indaiatuba.
Ainda em fase de discussão, a proposta de liberação dos rodeios enfrenta uma série de desafios na Câmara de Campinas. A resistência é especialmente forte entre a bancada de esquerda, composta por seis vereadores, e o partido Podemos, que atualmente conta com dois representantes, ambos já declaradamente contrários à proposta. Além disso, outros vereadores, como Marcelo Silva (PP), Permínio Monteiro (PSB) e Débora Palermo (PL), também manifestaram sua oposição à ideia, indicando que o caminho para a aprovação do projeto de lei será difícil.