
A reintegração ocorreu nesta quarta-feira (26) de forma pacifica.
A reintegração de posse do imóvel onde funcionava a Ocupação Maria Lúcia Petit Vive, na Rua Delfino Cintra, em Campinas, gerou intenso debate na Câmara Municipal nesta quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025. O local, que era utilizado pelo Movimento de Mulheres Olga Benário para acolhimento de mulheres vítimas de violência doméstica, foi desocupado de forma pacífica após decisão judicial favorável ao proprietário Álvaro César Iglesias.
Contexto da Reintegração de Posse
A ocupação do prédio teve início em maio de 2023, sob a justificativa de que o imóvel estava abandonado há quase uma década. O proprietário acionou a Polícia Militar, alegando uso irregular do espaço. A disputa judicial se estendeu ao longo do ano, com decisões divergentes. Em agosto de 2023, a Justiça concedeu a reintegração de posse ao dono, mas a decisão foi posteriormente suspensa pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), permitindo a continuidade das atividades. No entanto, uma nova decisão judicial determinou a desocupação definitiva do imóvel.
Debate na Câmara Municipal de Campinas
O caso foi tema de discussão na sessão da Câmara Municipal de Campinas do dia 26 de fevereiro de 2025, onde vereadores de diferentes espectros políticos se manifestaram.
O vereador Nelson Hossri (PSD) apoiou a reintegração e afirmou, na tribuna, que visitou o imóvel com autorização do proprietário. Segundo ele, no local havia um forte cheiro de maconha e grande quantidade de material de campanha política de vereadores da esquerda, incluindo nomes da atual legislatura. Além disso, relatou que conversou com moradores da vizinhança, que afirmaram que poucas mulheres entravam no imóvel e que o local não aparentava ser um verdadeiro centro de acolhimento para mulheres em situação de fragilidade ou risco.
A vereadora Mariana Conti (PSOL) rebateu as declarações de Hossri, classificando-as como “cornetagem” e defendendo que a ocupação recebia, sim, mulheres em situação de risco. Já a vereadora Guida Calixto (PT) criticou duramente as falas de Nelson e o chamou de “garoto de recados do proprietário do imóvel”, insinuando que o vereador estaria defendendo interesses particulares em vez de políticas públicas voltadas à moradia e assistência social.
Posicionamento do Movimento de Mulheres Olga Benário
O Movimento de Mulheres Olga Benário criticou a decisão judicial, afirmando que a reintegração demonstrou a priorização da propriedade privada em detrimento da vida das mulheres. Nas redes sociais, Nelson Hossri divulgou um vídeo mostrando problemas estruturais no imóvel e materiais de campanha de políticos da esquerda dentro do local.
Prefeitura de Campinas Busca Novo Espaço
Diante da desocupação, a Prefeitura de Campinas informou que identificou um novo imóvel para a continuidade das atividades do movimento. O processo de cessão de uso está em andamento e terá prioridade na tramitação, visando garantir a manutenção do acolhimento às mulheres em situação de vulnerabilidade.
A reintegração de posse deste imóvel reacende o debate sobre direito à moradia, ocupações urbanas e políticas de assistência social, temas essenciais para o desenvolvimento de políticas públicas eficientes e inclusivas.
Reportagem: Marildo Gomes (VAI)
Imagens: Câmara de Vereadores de Campinas/SP